segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012


O genoma de supercentenários: o que eles têm de especial?

(Foto: Thinkstock)
Sabemos que o envelhecimento saudável é regulado por fatores genéticos e ambientais. Estes últimos – alimentação saudável, prática de exercícios, sono regular – já são bem conhecidos. O que nos falta é descobrir quais são os fatores genéticos que explicam porque algumas pessoas conseguem chegar aos 100 anos com saúde enquanto outros já mostram sinais evidentes de envelhecimento aos 60.
Para tentar desvendar esse segredo, pesquisadores de Boston liderados por Paola Sebastiani e Thomas Perl seqüenciaram o genoma de um homem e de uma mulher que passaram de 114 anos. Supercentenários (pessoas que passam dos 110 anos) são muito raros. Estima-se que ocorra um caso em cada 5 milhões de habitantes.Qual é o segredo de seus genomas?
Dos 80 aos 100 ou mais anos
Acredita-se que, para chegar-se saudável aos 80 anos, a genética tem pouca influência, talvez 20 a 25%. O estilo de vida é muito mais importante. Mas para passar dos 100, ocorre o contrário. Estudos de centenários sugerem que os genes parecem ter papel fundamental na longevidade. Entretanto, pouco se sabe a respeito desses genes: quais são e o que fazem. Descobrir seus segredos é de grande interesse porque a maioria de nós não possui os genes “supercentenários”.
O que foi observado nos dois “supercentenários”?
De acordo com os pesquisadores o homem manteve-se saudável tanto física como intelectualmente até os 114 anos enquanto a mulher passou a ter um leve declínio cognitivo, mas só após os 108. Nada mau, não? O homem tinha história familiar de parentes bem longevos. Essa informação não foi conseguida no caso da mulher, mas sabe-se que ela tem descendentes que já estão na faixa dos 90 anos e saudáveis. Também serão incluídos no estudo.
O que mostrou o estudo de seus genomas?
Surpreendentemente, a análise dos genes de risco para doenças como câncer, Alzheimer ou cardiopatias não mostrou diferenças em relação aos genomas comuns. Foram encontrados vários genes supostamente de “risco” nos dois. O homem tinha 37 genes que aumentam o risco para câncer de intestino e realmente ele desenvolveu um câncer de colon intestinal que foi removido quando ele tinha 70 anos, sem maiores conseqüências.
Como explicar então essa longevidade excepcional?
A hipótese levantada pelos pesquisadores para explicar como manter-se saudável após um século de vida seria a presença de genes raros “protetores” e que seriam suficientes para anular os efeitos dos genes de risco. Para comprovar essa hipótese será necessário analisar um número maior de indivíduos supercentenários e tentar compreender como  esses genes “protetores” atuam. A esperança é que, se conseguirmos descobrir o que eles fazem, talvez seja possível transformar um genoma comum, presente na maioria de nós, em um genoma “supercentenário”. Uma pesquisa que interessa a todos nós.
Como contribuir com essa pesquisa?
O centro do Genoma Humano está realizando um projeto de análise do DNA e ressonância magnética de pessoas que se mantém saudáveis após os 80 anos. Será que alguns deles têm os genes protetores dos supercentenários? Se você for um deles ou conhecer pessoas com essas características que queiram participar do estudo por favor entre em contato conosco. E é claro que, quanto mais idoso, melhor. O email de contato é: 80mais@gmail.com.
Por Mayana Zatz

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