quarta-feira, 9 de março de 2011

Maria, centenária, moradora da Capital, diz ter ido ao médico somente perto dos 50 anos

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Alessandra de Souza

Pesquisa divulgada em outubro do ano passado pela ONU (Organização das Nações Unidas) dizia o seguinte: as mulheres vivem mais que os homens em todas as regiões do mundo. Em países desenvolvidos, revelou a entidade, a média de expectativa de vida para as mulheres chega a 83 anos, enquanto a dos homens é de 78 anos. Mesmo em regiões pobres, calcula a organização, a média é de 57 anos para as mulheres e de 54 para os homens.
Aqui em Campo Grande, um exemplo reforça com folga a tese da ONU. Note a história de Dona Maria, narrada ao Midiamax na semana passada, já pensando neste 8 de março, dia internacional da mulher .
Hoje ela tem 108 anos, talvez uma das mais idosas que se tem notícia na capital sul-mato-grossense. Maria Pinto da Silva é seu nome. Ela garante ter nascido no dia 6 de Janeiro de 1903, em Minas Gerais. Ela caminha bem, fala bastante e tem uma memória boa. Dona Maria mora sozinha em uma casa no José Pereira.
A matriarca tem 12 filhos, 30 netos, 20 bisnetos e 15 tataranetos. Dorme tarde e levanta cedo, para ouvir radio. “Como sou evangélica gosto de ouvir as orações. Fico tarde da noite esperando para fazer os meus pedidos e agradecimentos nas minhas orações”.
Ela morava com os pais e dois irmãos em Minas Gerais, não estudava somente trabalhava de lavadeira em residências para ajudar no sustento da família.
Dona Maria fazia farinha de rosca para vender. Aos cinco anos de idade foi abandonada pela família quando passou a morar nos empregos. Ela casou-se aos 14 anos com um Policial Militar.
“Como trabalhava muito e não tinha casa, pensei em casar cedo para ter o meu lar. Mas não sabia que a vida era tão dura. Comecei a ter muitos filhos e não escapei do trabalho. Depois fiquei viúva e tive que continuar a trabalhar”, comenta.
Madalena Lopes, de 49 anos, é a filha caçula de dona Maria. Ela mora ao lado da casa da mãe. “Passo o dia aqui com a minha mãe. Ela fica lembrando-se do passado. Não deixo que ela levante peso. É uma pessoa meiga e forte. Já trabalhou muito na casa dos outros. Casou muito cedo, teve que cuidar dos filhos depois que ficou viúva e agora merece carinho”, comenta a filha.
A idosa foi ao médico pela primeira vez aos 49 anos de idade. “Estava com muito dor na boca. Tive que ir ao dentista para arrancar um dente. Foi a primeira vez que vi um médico na minha frente”, relembra a centenária.
Dia a dia
Ela gosta de levantar cedo e fazer café. “Levanto e logo faço o meu café preto. Tem dia que faço a minha comida: arroz, feijão e uma salada. Não gosto muito de carne. Como pouco. De vez em quando como doce e tomo refrigerante”, comenta dona Maria.
Dona Maria está de repouso devido a uma cirurgia. “Desde os meus nove anos de idade tinha uma ferida pequena no rosto. E descobrimos que era um câncer de pele. Tive que operar. Agora estou em repouso. Mas logo, logo quero voltar a ir à igreja que fica a quatro quadras perto da minha casa. Tem dias que vou a pé, bem devagar para fazer as minhas orações”.
Ela não tem diabetes e nem colesterol. “Tenho somente pressão alta se ficar muito nervosa”.
Sonho
Ela queria ser delegada de Polícia. “Hoje em dia a violência está solta, e filho matando pai e mãe matando filho. É um absurdo. Queria ter estudado para ser Delegada de Polícia para acabar com um pouco da violência”.
Conselho
Alessandra de Souza
Dona Maria mora sozinha em uma casa mas a filha caçula Madalena está sempre por perto

Dona Maria termina a entrevista com um pedido: ”peço para as pessoas mais jovens estudar. Sair das ruas, não entrar na violência. E pregar mais a união em família. Precisamos é de paz no mundo”.