segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Mais velha sobrevivente do holocausto morre aos 110 anos

 

Alice Herz-Sommer, a mais velha sobrevivente do holocausto, cuja história foi retratada em documentário, morreu em Londres aos 110 anos, informou nesse domingo (23) a família. Judia oriunda de Praga, ela passou dois anos, durante a 2ª Guerra Mundial, no campo de concentração de Terezin, na atual República Tcheca, onde tocava piano, distraindo os colegas de prisão.
Alice Herz-Sommer morreu tranquilamente acompanhada pela família na manhã de domingo, disse o neto Ariel Sommer.
A vida dela, que foi amiga do escritor existencialista Franz Kafka, deu origem ao filme The Lady In Number 6: Music Saved My Life.
O curta-metragem, de 38 minutos, no qual Alice conta a sua vida e mostra a importância da música e do riso para uma vida feliz, foi indicado nesse domingo para o Oscar de melhor documentário.
Cerca de 140 mil judeus foram deportados para o campo de Terezin e 33.430 morreram.
*Com informações da Agência Lusa
Editor Graça Adjuto
  • Direitos autorais: Creative Commons - CC BY 3.0




TAGs relacionadas


domingo, 23 de fevereiro de 2014

'Curo tudo com limão', ensina artesão e pai de 100 anos

Aparecido Pereira é exemplo de vitalidade e não pensa em aposentadoria. 
'Meu remédio é esse. Uso limão até com café', afirma patriarca de 6 filhos.
Do G1 Bauru e Marília



  •  
Aparecido Pereira mostra seu convite de aniversário de 100 anos (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)Aparecido mostra seu convite de aniversário
de 100 anos (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)
As mãos ágeis de Aparecido Geraldo Pereira demonstram os anos de experiência no trabalho com o couro. Ele é um artesão que sabe, como poucos, manusear a pele do bovino. Apesar da idade, a palavra aposentadoria não existe no dicionário dele.
Para o seleiro de 100 anos, completados em janeiro, não há segredo para a vida longa. Ele conta que come de tudo e não dispensa arroz e feijão no almoço e também no jantar. Além disso, não gosta de remédio, mas tem uma receira caseira. “Resolvo tudo com limão. Teve uma época que todas as pessoas contraíram febre amarela e lembro que me trataram com limão. E só eu não peguei a doença, então, meu remédio é limão. Até com café”, comenta.
A experiência que ganhou no campo, Aparecido aplica na oficina, onde prepara laços e tralhas para cavalos e mulas. Ele conta que aprendeu a arte quando morava em fazendas na região de São Manuel. “Sempre lidei com gado e trabalhava com meu cunhado. Aprendi a fazer os laços na fazenda com meu sogro. Ele deixou bastante couro quando morreu, peguei gosto e resolvi assumir o negócio”.

Com mais de 70 anos de profissão e há pouco mais de 30 anos morando no Jardim Prudência, em Bauru, Aparecido já perdeu as contas de quantas peças produziu. Até hoje ele faz o serviço como sempre e com muito capricho. "E sem óculos", ressalta. “O couro tratado ajuda bastante, mas o serviço quando é bem feito fica muito mais bonito”, diz o artesão, que trabalha com encomendas de todo Brasil.
'Meu pai é trabalho'
Para os seis filhos do artesão, falar do trabalho do pai é definir Aparecido. “Trabalhar em família tem mais prós do que contras, mas se eu não faço bem feito, ele manda desmanchar e fazer tudo de novo. Levei esse ensinamento, o capricho dele, para tudo o que faço. Outro dia escrevi um bilhete que só eu ia ler, mas vi que ficou mal feito. Então, rasguei e escrevi de novo”, conta Laudo Luiz Pereira, de 39 anos, filho mais novo de Aparecido e também seleiro.
Aparecido e o filho Laudo trabalham com o couro (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)Aparecido e o filho Laudo trabalham com o couro
(Foto: Ana Carolina Levorato/G1)
“O Laudo aprendeu a fazer os laços só de ver eu trabalhar, ou seja, nasceu dentro do serviço do pai e se tornou seleiro. Às vezes eu falo para o meu filho arrumar outro trabalho porque esse não ganha muito e é complicado de fazer. Mas quando começa não tem mais jeito de fazer outra coisa e, hoje, ele trabalha com laços melhor do que eu”, comenta o artesão, que começa a trabalhar às 7h e às vezes só para à meia noite.
A disposição do artesão é tanta que é fácil desconfiar que ele tenha 100 anos. Andando normalmente e sem óculos, o artesão diz que sente poucos efeitos da idade e que somente agora está sentido que o tempo está passando mais rápido. “A gente acaba esquecendo a idade do meu pai. Por ele ser muito lúcido e ativo, às vezes a gente o trata como se tivesse 60 anos. Ele tem uma autonomia impressionante. Geralmente as pessoas não acreditam na idade que ele tem. Todos pensam que o registro está errado ou que é brincadeira mesmo. Mas imagina, eu tenho um irmão de 70 anos”, disse Laudo.
A admiração pelo patriarca da família também é da filha Roseli, de 43 anos. "Não é todo mundo que tem esse privilégio, então, eu sinto e espero que ele dure mais 100 anos. Nos reunimos sempre aos domingos e, às vezes, ele está trabalhando sem parar e sem reclamar de cansaço. Isso me faz pensar e até ficar com vergonha de reclamar quando acordo cedo”.
E o carinho pelo seleiro atinge gerações da família Pereira. "Meu Avô é motivo de muito orgulho e admiração. Só peço para Deus que o mantenha vivo por mais tempo. Essa luta dele de sempre acordar cedo e continuar na batalha para conseguir o que quer é muito emocionalmente e me traz muita felicidade”, ressalta a neta Camila, de 23 anos.
Artesão com 100 anos é exemplo de vitalidade e não pensa em aposentadoria (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)Artesão é exemplo de vitalidade e não pensa em aposentadoria (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)
Aparecido com a Família (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)Aparecido com a família. "Ele é nosso maior orgulho", conta neta  (Foto: Ana Carolina Levorato/G1)
tópicos:
veja também